Pela fresta da porta entreaberta
Um minúsculo raio de sol que adentra
Na garganta o nó só aumenta
Um copo de vinho repousa na mesa
A sensação é de impotência, de perda
A sonolência do enfado domina
Já não há mais qualquer cocaína
Que levante a moral derradeira
O tempo parece parado, perdido
O espírito pesado, em relevo
O choro, não externado, verdadeiro
O olhar a buscar uma crença devida
Na verdade, já não há mais paciência
Sapiência, agora é secundaria
Inexiste uma ação libertaria
Somente o ócio, em momento de medo
Rastejar não parece declínio
O destino um local que me prenda
A carcaça que ainda capenga
Insistindo em manter sobrevida
Nem mesmo o incenso de almíscar anima
Nem ao menos o mantra repetido exaustivo
Ainda que se tenha algum motivo querido
Já não há mais um desejo que seja.
(Chico Córdula)
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