terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Retórica



Acendo uma vela inocente
Tardio ensaio, arrependido.
Ato falho inconsequente
No encalço do tempo seguido. 

Espalho sal nos caminhos
Exorcizo mal aparente
Meu espírito, agora transparente.
Arrefece no minuto seguinte.

Sou apenas um ouvinte,
Dos meus momentos.
A escuridão já me cega
Espalhando opções indefinidas.

Em estoque nenhuma reza.
Nenhuma promessa cumprida
O reflexo de espanto no espelho
Restando solidão como sina.

(Chico Córdula)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Ásperos

                                                                                                                                                                       
Aperte o passo em terra rústica
Sinta o ardor em pele tórrida
Boca seca como resposta
Espírito livre como premio

Expresse o sentimento oculto
Liberte o grito rouco
Remova a mancha tosca
Respire o ar envolto

Aperte o passo em terra rústica
Diminua o calor de sua alma
Enxugue o suor de seu rosto
Na calma vindoura, relaxe.

Apague o temor de sua mente
Continue caminhando independente
Até surgir seu destino
Ainda que não seja o findo

Aperte o passo em terra rústica...

(Chico Córdula)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Guetos

Beco insano,
larica louca
trecho plano
bancarrota.

Frase morta,

sujeira solta,
corrida nua,
sangue na roupa.

Tiro surgido,

corpo estendido,
silencio ungido,
cidade crua.

Grito abafado,

choro contido,
tempo perdido,
morte na rua.

(Chico Córdula)

Fuga

Foges de mim dia a dia
Restando apenas amargura
Por estar longe de ti!

Meu coração anda sedento
Já não me contento com o vento
Pois não traz teu cheiro pra mim.

Relevo o tempo, sem jeito.

Já não procuro defeito
Só minha alma vagando assim.

Transpiro sofrimento esquisito

O dia já começa infinito
Sentindo esse vazio de ti.


(Chico Córdula)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Restando cinzas



A oferenda para o mar inexiste
Apenas um clima triste, permanece.
Apenas o silencio reticente, insiste.
Apenas uma amargura tardia padece

Não há mais escolha a ser feita
Não há mais nenhuma suspeita
Restando apenas um poema
Adeus, a cena repetida.

Nada mais que valha a pena
Revoam soltas ao vento, cinzas.
Sem destino espalhadas, soturnas.
Procurando pouso definitivo, desvalidas.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sem luar



Tire essa farinha da cumbuca
Sem remorso faça o acerto
Remova o óleo do móvel velho
E se o raio cair duas vezes?

Mate o inseto que lhe incomoda
Espalhe a noda na roupa única
Atravesse a rua enquanto resmunga
Feche os olhos sentindo-se nua

Verbalize o sentimento, sem demora.
Aplique em sua veia a droga suja
Reparta o que não é certo e incomoda.
Invoque no ultimo suspiro, a lua escura.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sensações de um moribundo


Num canto o pranto mudo já não assusta
Reflete o tempo na sombra indigna (tosca).
Escassas verdades a serem ditas (mudas)
E respostas que resolvam tão torpe enigma (soltas).

O vazio toma conta de tudo em instantes
As cores, as flores, os odores confundem.
Aflora sentimento estúpido generalizado
A força do destino já não mais importa (extingui-se)

A plantação ressurge no infinito, morta.
Salobra a água já não mais sacia
Exorta neste rito a ultima magia
Expele o pus antes que o cancro alastre

Não há o que temer nesta morte doce
Talvez o inferno venha até mais cedo
Enquanto o paladar com este gosto azedo
Descreve ultimo enredo desta vida pobre.

(Chico Córdula)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Trilhos


Os trilhos acabaram!
O trem não alcançará outras paragens
As margens descoloridas se repetem tristes
São turvas as imagens e as curvas inviáveis.

Os dormentes repousam!
Neste infinito, o apito fiel já não ecoa.
Somente o vento insiste neste findo destino
Levando à caminhos já não mais possíveis.

(Chico Córdula)