domingo, 30 de janeiro de 2011

Cálice de sangue

Entrando em transe a cada instante
Rompante de loucura assola sua alma
Transloucada, livre e solta em sua jornada
Sem noção do estrago permanente (evidente)
Sente a demência como sua companhia
Já não se importa em ser mais que indecente
Pouco se recorda de sua antiga vida
Se entregando aos delírios viciantes normalmente.

Em seu corpo jovem padece, esmorece
O pouco da dignidade que ainda lhe resta
Com a capa de ódio que agora se reveste
Investe apenas em sua perversão (se ilude)
E não se envergonha em ser corrompida
E prostituida sem qualquer barganha
Morando na rua ou me qualquer beco
De sentimento “seco”, não se emociona.

Fantoche, fantasma ou zumbi humano
Farrapo em trapos sem qualquer barreira
Vivendo a beira de um precipício (vicio)
Consumindo, cheirando a sua maneira
Sem chances de albergue até porque negue
Ou qualquer suplicio indicio de final inglório
Sem noção, tácito “acido” que lhe consome
Cambaleando e se arrastando para seu velório. 

Um anjo disfarçado de humano

Em que plano se colocaria um anjo?
Que travestido de humano
Doou bondade a flor da pele
Tratando com elegância as mazelas mundanas.

Com qualidade muito acima do entendimento mediano
Foi vitima muitas vezes da incompreensão ignorante
Dos incautos e dos postulantes a fama instantânea
E dos arrogantes que pensam que são donos da terra.

Em que plano se colocaria esse anjo?
Acima da razão da ciência e sapiência
Indulgência e sacrilégio mundanos,
Do profano, religioso, retratado como herege
Atacado simplesmente pela bondade
Incompreendida que trazia em sua essência.

Na excelência de sua alma pura (casta)
Ungido de conhecimento nato, fato
Tudo devidamente espiritualizado
Servindo a todos e por todos abrandando
Seu conhecimento magnânimo e raro.

Em que plano mereceria estar esse anjo?
De vida totalmente humilde e simplicidade
Fazendo a paz das almas de entes queridos
Que em almas se tornaram a eternidade.

Trazendo o espiritismo para a discussão
Incompreensão ainda por muito inibida
Perseguiu sua existência, maledicência
Jamais se abateu ou desistiu em vão
Razão para qual se entregou a vida.

Em que plano estaria esse anjo?
Sempre estendendo a mão (na ajuda)
Mais do que bem vinda sua honraria
Não distinguia plebeus ou nobres
De tal sorte que a ninguém se arredia.

Desencarnou num dia de alegria e glória
Deixando pra “matéria” um grande vazio
Honrou sua missão como muito poucos
E subiu com suas asas para o seu destino
Que esse anjo ainda muito nos proteja
E nos ajude a encontrar nosso caminho!


sábado, 29 de janeiro de 2011

Maresia embriagante

Contemplando o mar em sua mansidão
Expressão maior em todo o ser vive
Carregando nas cores toda emoção
Incrível sensação causa vento livre
Que na face desliza tal um surfista engajado
De velho deitado em seu prisma devaneia
Ricocheteia o aroma mareado, floreado
Paralisado pelo encanto, maré cheia.

Renasce todo dia, em suas ondas espumantes
Desembarcando em praias desavisadas, (lindas)
Barulho único em seu movimento constante
Movimentando a natureza mesmo quando arredia
Em muitas vezes bruma consonante
Em diletantes sonoros momentos de prazer, arfada.
Delirante manifestação em puro êxtase 
Ou a procura de uma nova amada.

Descontração a marca do seu dia a dia
Ressurgindo na alegria de sua diversidade
Expressão maior da natureza viva (reviva)
Regalia de contemplação, embriagado por toda a idade.
Envolto, revolto, inquieto, eclético mar de nossas vidas.
Na vazante ou retumbante maré cheia,
Tanto faz em que forma se encontra
Mas sempre nos encanta
Como a um canto da sereia.

No contraste com a lua se faz mais reluzente
Imensidão e abismo na escuridão marinha
Imaginação se faz sempre latente, presente
Em lendas e estórias que muito bem contaria
Qualquer pescador que desfruta sua intimidade
Mais que uma amizade por você morreria
Ainda que assuste, mais encanta na verdade
Mar, só saudades me traz sua harmonia!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reboco

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Repique da miséria, séria
Cercada de xiquexique
No caos da pobreza eterna.

Escravos da própria sorte
Norte (sem norte) da tirania
Embuste de velhos escroques
Rebanho sem destino certo
Massacrados nesta epidemia.

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Resquícios de muita mazela
Vida ceifada com muita reza
E somente a morte como companhia.

Brincantes, reinantes e mercenários
Corja de lacaios degradantes
Dignidade jogada pra debaixo da terra
Espinhos que crescem no chão torturante.

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Toda contradição da alma humana
Se espinhosa ignorância embala a miséria
Eterna pureza e nobreza
Locupletam este ser fascinante.

Digno de toda homenagem
Esquecido personagem de momentos bons
Somente lembrado nas grandes estiagens
Sertanejo homem forte na sua sabedoria
E que muito nos ensinaria se a “palavra”
Fosse a ele repassada.

Devolva meu coração

Você embarcou
na primeira estação
deixando somente tristeza,
Transformando vazio em solidão.

Onde você foi amor?
Por que não se despediu?
Nem um bilhete deixou
Nenhum aviso e partiu.

Onde Você foi amor?
Deixando meu ser em pedaços
sem dar satisfação, nenhuma explicação
Partiu no silencio, deixando 
apenas lembranças.

Onde você foi amor?
Por que mentiu pra mim?
Dizendo ser meu seu coração
E partiu sem se despedir.

Onde você foi amor?
E ainda levou consigo
Como se não fosse o bastante
Parte de minha alma e alegria.

Será que algum dia voltas?
Mas,  se não voltares
me faça um favor, amor!
Devolva a parte de mim
que você levou consigo.