quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Não chorem pelos mortos... Chorem pelos vivos.


Não chorem pelos mortos 
Guardem suas lágrimas para os vivos
Aos mortos à oração dos religiosos, visionários
Ou a reflexão dos céticos, pragmáticos
Em suas lápides gélidas
Transfiguradas em simbolismos
O choro ou o sentimento objeto estagnado
Desperdiçado em sua insignificância prática

Aos vivos de pobres almas

Que em verdade são muitos
O choro, o conforto e o carinho humanizados
Resultando de forma mais prática adequada
Em possíveis mudanças em suas vidas toscas
Trazendo o útil conforto as transtornadas almas
Que de certa forma podem ser salvas
Daquelas lápides gélidas, simbólicas em nada.


(Chico Córdula)

Remexendo cicatrizes


Quantas vezes nos pegamos em recordações
Revirando esse baú imaginário em nosso cérebro
Relembrando de tantos fatos momentos e atos
Que ficaram guardados no tempo, no silencio
E às vezes mesmo não querendo vamos visitá-los

Muitas historias esquecidas em algum lugar

Imagens guardadas, às vezes modificadas, distorcidas
Lições muitas vezes vividas e não aprendidas
Situações que nos levam ao arrependimento
Ainda que às vezes tardio e inútil inócuo

Voltamos às vezes a lugares particulares, especiais

Por diversos motivos, por diversos momentos
Que tanto podem trazer bem estar de felicidade
Como podem reviver um incomodo do mal resolvido
Ainda que não se possa modificar o que já foi escrito

Para estes transcritos nos resta acalmar a alma

Extraindo do passado o que mais doce se pode sorver
E deixando de lado qualquer resquício de fel, de amargor
Pois as dores já nos bastam às contemporâneas
Afinal, para que o masoquismo de remexer feridas cicatrizadas?


(Chico Córdula)
 

Reminiscências


Ajoelho-me tentando um perdão sentido
Reacendo a esperança dessa fumaça de paixão extinta
Recolho as acácias sobreviventes ao tempo
Reinvento um fato transformando em fogo ínfimo

Palavras talvez já não adiantem, soem frágeis

Perderam a força nesta ventania fria
Talvez se acharmos o desejo esquecido em algum lugar
Quebremos essa barreira criada em nosso entorno algum dia

O silencio conspira contra toda forma de querência

O corpo já não responde a tudo que dele se solicita
Devia ter abastecido a alma, esta ingrata, há tempos
De combustível de paixão renovável sem impurezas alheias

Ainda que meus joelhos sangrem ao relento

A penitencia intensa já não comove a alma
Em cada cena revista desta paixão consumida, nenhum charme
Restando apenas o vicio, o viço, tempo perdido, sem norte, a morte.


(Chico Córdula)

Lembranças escolhidas


Quando eu morrer, lembre-se de mim
Não por fotos remexidas em gavetas
Não por objetos deixados empoeirados num canto 
Não por adjetivos ditos em momentos inglórios
Não por motivos apenas simplórios
Ou por fatos que em muitas vezes
Nem mereçam e nem devam ser lembrados

As fotos nestes tempos modernos
Podem ser manipuladas, alteradas, melhoradas
Perdendo sua verdade original
Sua nobreza enquanto registro

Os objetos por mais pessoais que sejam
Serão sempre impessoais em sua essência
Por mais que marquem uma presença
Ficarão como um fantasma de uma vida interrompida

Os adjetivos estes sempre usados aos milhares
Muitas vezes em nossa humana crueldade
Gerando brigas, desavenças, paixões, incoerências
Mas nunca passarão de adjetivos, jogados no meio do nada

Os motivos sejam quais forem os escolhidos
Sempre os usamos mesmo que às vezes desvalidos
Em muitos momentos forçados, então engodo
Em outros, apenas desculpas sínicas, a encobrir fraquezas

E os fatos como filmes gravados em nossas mentes
Perpetuam imagens nem sempre condizentes com nossas verdades
Em nossa condição humana, subumana, suburbana, sub...
Registros nem sempre reconhecidos como verdadeira face

Quando eu morrer lembre-se de mim
Por meus poemas, meus escritos queridos
Motivos de minha verdadeira alegria
Onde felicidade e magia se completam
Onde meu verdadeiro retrato esta esculpido
Onde meu verdadeiro "EU" é revelado
Onde meus sentimentos são verdadeiramente descritos.


(Chico Córdula)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Carta para NEDA

*Homenagem a Neda Agha-Soltan
 E a todos que acreditam na vida com LIBERDADE.


Um dia tiveste o sonho da liberdade
Ser Livre como qualquer pássaro da Pérsia
Desde muito jovem eras rebelde em verdade
E na realidade acreditavas em amor ante a guerra
Contra a tirania dos que se acham deuses
Que martirizam com a causa apenas do poder amargo

Num dia de junho tudo foi interrompido

Teu sonho de liberdade reprimido num estampido
Tua juventude foi ceifada por um projétil
De uma forma covarde, tua jovem vida foi rifada
Mostrando a face mais deplorável de qualquer tirania
Monstruosa, emblemática e detestável

Um dia de repente eras mártir

Apesar de apolítica teve indignação pela covardia
A jovem sonhadora que só liberdade ansiava
Queria que lhe amassem com a mesma intensidade
Do amor que nela nutria para partilhar sinceridade
Apenas respirar sem ter que se explicar todo dia 

Queria ser livre em sua Pérsia

Andar com os cabelos soltos ao vento
Demonstrar sua sensibilidade e cultura elevadas
E compartilhar emoções e belos momentos
Sem ter que se justificar a cada passo dado
Como prisioneira de seu sexo e seus sentimentos

Enfim NEDA, de certa forma achastes a liberdade

Em sua passagem como o espírito livre de imbecis ideologias
Da mais triste e inconsolável forma é verdade
Mas com a intensidade dos que ainda acreditam e se arriscam
Numa vida sem meias verdades, sem mentiras
Embora ainda tendo que conviver com hipócritas(porcas) tiranias.


(Chico Córdula)

Sonho Toscano


Outro dia estive na Toscana
No sublime mágico realismo de um sonho
Nunca estive na Itália,
Mas como familiar me pareceu a Toscana!
Como me senti envolvido naqueles momentos
Como me senti feliz, confundindo sentimentos.

Para minha surpresa estava italiano

Vivendo momentos personalíssimos
Florença proporcionando-me encantos
Em prantos revivi cada cena, não percebida
Entendendo o verdadeiro realismo contido em tal sonho
E quanto me realizei nestes mágicos momentos toscanos.



(Chico Córdula)

Porto solidão


Bela vista, mar aberto
O porto desenhado em primeiro plano
Ao fundo o incerto do oceano
No enquadro mastros que se embaralham, confundem
Ao longe pequenas embarcações que se resvalam, se fundem
E se espremem entre meios em águas agitadas

Reluzentes casinhas de um branco angelical se amarram

Desafiando a gravidade, penduradas na colina
Bucolicamente encaixadas na paisagem divina
Harmonicamente espalhadas, até onde os olhos agem
Realçando a vida em esperança dos que ali se fazem

Tendo no porto cartão postal inconfundível

De momentos marcantes no embarque das tripulações
Há calmaria dos pássaros em sobrevôo coletivo
E por mais ativo e agitado que se encontre este ancoradouro 
Há sempre momentos solidários, solitários, neste porto

De vidas que se entrelaçam, se esbarram ou se separam

No pulsar dos corações, misturando sensações
Ou simplesmente a solidão como companhia constante
Perseguindo inapelável qualquer pobre viajante 
No correr de seus dias, até o final de sua jornada.

(Chico Córdula)

Acampado


Vislumbrei um acampamento macabro
Onde todos estavam ao relento
Rosário de tristes sobreviventes espalhados, sem teto
No céu o sol castigando em pressagio

No solo rotineiras sinas despedaçadas
E o descaso como roteiro inexplicável
O lapso entre o real e o imaginário
Embuste dos atores que nos governam

Encerram além de vidas sofridas, sem terra
Esperanças que ainda se apegam, sem ágio
No doloroso sobreviver sem destino, só miséria
Acampamento de seres humanos aos trapos

Abandonados a própria sorte sem tino
Desalinhados da sociedade, clandestinos
Cobaias da ganância e inoperância de tantos
Porquanto estes mesmos ainda os usem como mimos
Para manterem-se sempre no topo, sem remorso, só ócio.



(Chico Córdula)

Fazendo Amor


Não havia mais nada a falar,
só sentir,
naquele momento.
Nossos corpos colados,
se querendo...
Nossas bocas sequiosas,
nervosas, se sugando
nossas mãos agitadas,
tateando, apalpando
acariciando,
apertando,
gemidos provocados,
trocados, sentimentos
difusos, confusos
nossos corpos entrelaçados,
suados, desejosos,
nossa respiração
ofegante, compassante,
aguardando o ato, o fato.
A invasão se faz lenta,
compassada, comedida..
nossos olhos se provocam,
você se abre doce, dominada,
e o amor se faz entre nós,
já não a mais nada a pensar,
somente sentir.


(Chico Córdula)

Tardes em acácias


Descobri acácias
em tardes
de mar bela,
com seus aromas
de raízes,
nestes tempos,
de “morenar” a pele,
de certo que a “loirice”
das acácias,
amarelas que só elas,
contrastam com a “morenice”
desta “Jampa” entardecendo bela

Sendo as acácias

só deslumbre
em pétalas
que ao chão
espalham-se,
esparramando-se ternas,
transformando em tapete
o solo morno desta terra
que me encanta,
com seus trejeitos,
a cada época,
a cada primavera,
enfim, em cada entardecer
desta “Jampa” e suas acácias.
Etéreas, eternas, sempre belas! 

(Chico Córdula)

Linha do tempo


O tempo não retorna, mas o passado se faz presente (Aglaure)
E o futuro em sua incógnita, ainda incomoda (Francisco Córdula)
Lembranças que enterramos mas, ainda dói em nós (Regina cnl)
Como corroem em nossas almas, nossas derrotas (Francisco Córdula)

Por isso é que o poeta sofre, ao colocá-las nas rimas (Regina cnl)

E em cada estrofe uma forma de desabafo (Francisco Córdula)
Numa crescente emoção a alma sopra e anima (Regina cnl)
E nos determina que continuemos mais um ato (Francisco Córdula)

A cada nova paixão, desilusão que fulmina (Francisco Córdula)

Como um raio que caiu no lugar errado (Regina cnl)
Mas no coração como fênix teima ressurreição (Marisa Schmidt)
E o fato de sabermos que a vida é mudança constante (Francisco Córdula)

Nos torna mais crentes de que a mudança é benévola (Regina cnl )

E que as escolhas certas nos levarão ao ideal caminho (Francisco Córdula)
E depois em nosso ninho curtiremos nossa paz (Francisco Córdula)
As lembranças do passado, serão apenas lágrimas perdidas (Regina cnl)


(Aglaure, Regina Cnl, Marisa Schmidt e Chico Córdula)

Gemidos na escuridão


Pela fresta da porta
um som delirante se alcança
o gemido contido e continuo
no ato de um sexo que avança.

Resposta a tantos estímulos
que o corpo, em matéria, relança
emoções, sentidas e sentidos
aguçados, excitados se alcançam.

Frêmitos audíveis que traduzem
o ardor de corpos em transe
transa sensual, imperturbável
prolongando a existência desta chama.

Gemidos, fungados, delírios
traduzindo o instante em que se ama
lençóis amarrotados, corpos exauridos
tórridos momentos numa cama.


(Chico Córdula)

Vida Bandida


Delegado é roubado
no legado do ladrão
todos são amordaçados,
apalermados, sem ação.
Tudo tem um fundamento,
não há o que discutir
será lesado, seqüestrado
e (estuprado), sem reagir?
Será grande, a onda, grande!
Na encosta da maré
vou, mais digo, um dia volto
seja de carro ou a pé.



(Chico Córdula)

Por culpa deste mofo, continuo espirrando!


Quanto tempo jogado fora
Embora as lembranças acalmem a alma
Desde os primórdios da tevê a válvula
Embalada infância, adulta e adultera máfia
Para presente embrulho, indecente trauma

Recordando a infâmia, tácita mágoa

Por quantos já partiram neste calidoscópio amargo
Enquanto da repetição dos erros que enganam a fauna
Desta flora miserável, envidraçada e disfarçada de moderna
Entrecortada de desvios e pavios de bombas imaginarias

Enrolando o tempo, enganando o vento em cada uivo

Turva imagem de caninos que atacam indefesas vitimas
Raposas em pele de cordeiro de disfarçados vícios
Resquícios que se amoldam e modernizam para manter o viço
Estripando e consumindo as tripas destas pobres almas

O tempo em sua linha reta e diversa

Reversa a forma para se cumprir destinos
Instruídos e destacados entre analfabetos úteis
Conectados ao universo destes pobres mortos vivos
Abutres que se satisfazem de outrem parcos restos

Rapinam enquanto buscam absorver o tempo

Intento no advento de controlar mentiras
Retiram tudo em que no caminho encontram
E levantam acampamento na devastação seguida
Irradiam a  bomba atômica construída há anos

E no prumo se conservam para ficar por cima

No cume a todo custo e a toda vida ceifada
Remarcam o território conquistado em sangue
Enquanto lambem as feridas nunca mais curadas
Desde os primórdios, já longínquos tempos da tevê à válvula.


(Chico Córdula)

Pequenos gestos


Ainda lembro, em preto e branco, daqueles tempos
Perdido no meio daquela gente
Tudo novo, novo tempo
O desconforto meu companheiro rotineiro
Apenas sua presença reconfortante, sempre

Infelizmente, naqueles tempos, minha noção, ausente
Ocultava-me quão importante sua ação benemerente
Fazia-me vivente e adequadamente sociável
Quanto seus pequenos gestos, por menores que fossem
Engrandeciam-me e confortavam-me, comovente

Somente o tempo, este sábio
Para mostrar incontestável a importância desses gestos
Por mais arrogantes e insensíveis que sejamos
Todos, um dia, das mais diversas maneiras descobriremos
Que simplesmente não conseguimos viver, sem os pequenos gestos

E quanto e porquanto eles proporcionam
Momentos de delicadeza e leveza em nossos dias
E quanto nossas horas são menos penosas graças a eles
E quanto mais seres conseguirem confortar-nos com tais gestos
Mais o tempo nesta existência parecera menos amargo. 

(Chico Córdula)

Versos sujos

Escarro sem pena na sujeira humana
Chafurdo na lama da hipocrisia
Moro num país distante/imaginário
Onde cidadão é tratado como individuo
E onde bandido tem tratamento diferenciado

Envolvente esta gente se endireita
Descobre sempre que tem mais sujeira
Onde não devia, e como se desvia!
Quem tem saúde reze para não ficar doente
Pois indigente num corredor vão transformar sua vida

Atroz a voz dos que ainda pensam
Motiva a clemência dos que se apiedam
Pilham os que já vivem misérias
Em troca da alma dos que ainda sobrevivem
Nesta pandemia corrupção etérea

Arrastem o que sobrar dos mortos
Evoquem os urubus para contínua festa
Vomitem o que ainda de vergonha lhes resta
Exortem a alma vagabunda dos latifúndios
E abracem lúcifer antes do apagar das luzes

As cruzes joguem fora pois mais não servem
Sirvam-se das lascívias da carne ainda quente
Desbravem o que lhes deixar contente
Embarquem nesta viagem alucinógena
Por esta nossa terra andrógena, de temperada fantasia

Abriguem-se da chuva acida deste dia
Afinal ainda podemos nos satisfazer mais um pouco
Repliquem os que ainda implicam com a festa
Pois muito loucos já estamos há muito tempo
Neste doce veneno que ingerimos sem reservas

Satisfação quem sabe, antes da ressaca de algum dia
Em que talvez acordemos desta letárgica consumação
E descubramos entre surpresos e estupefatos
Que o nosso carnaval de fato, acabou há muito tempo
E a quarta feira de cinzas será longa, longínqua
Seguindo-nos no restante de nossas vidas (Amém).



(Chico Córdula)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Emblemas

Tosco, roto explicitado.
Árido em paisagem sofrida
Sôfrego em momentos vadios
Áspero em tristezas vividas

Belo, poético, lírico.
Empírico na forma e na obra servida
Expressão de amor sentida acolhida
Uma peça despida na alma do autor
Em cada linha traduzida, descrita.

Tácito, acido perturbador.
Delírio na projeção de imagens
Vagando de realidade a fantasia
Amaciando a razão ao sonhar, miragens. 

Mágico, abstrato, esquisito.
Alinhavando a alma em expressão pungente
Maquiando a rotina aliviando o teso
Retirando um peso das costas, sempre em frente.

Embarcando na plataforma da estação vida
Missão cumprida, seguindo para outras paragens
Muitas paisagens, lembranças e verdades deixadas
Muitas sensações, desejos e vontades vindouras

Destino e roteiro desenhados em outras páginas
Ainda em branco que o tempo, este sábio
Sem remorsos, como de hábito,  irá preencher. 



(Chico Córdula)

Gélida lembrança

Baixando o corpo na sepultura gélida
Em cena tétrica da tarde cinza amargurada
O ar rarefeito em meu peito sem palavras
E o pensamento que ao vento se afasta

Enterra-se uma vida, uma historia cada dia
E todas as manias, todas as alegrias, todos os pecados
Ensaio olhar para o lado e é tristeza o que vejo
Neste cortejo sacro sepulcro assemelhado

Por instantes o tempo se eterniza nesta brisa
Com o amargo me envolvo se dissolve o gelo
No flagelo de sentimentos indigentes, indigestos.
Em ultimo gesto de apelo e adeus, perdão te peço!



(Chico Córdula)

Vegetativo murmúrio

Instado ao estado vegetativo
Revelando vontade para viver, vivendo
Atentando ao movimento que se avizinha contemplativo
Reportando ao olhar, este grande abismo, da insistência

Revelando-se em outras artes, formas e zelo
Negando apelo a quem lhe trata diferente
Vivendo sem piedades, pieguices ou que tais
Encontrando forças além dos próprios membros

Recrutando a todos posto que ama a vida
Afrontando a quem não se respeita, se nega
Agigantando-se em tudo e por tudo que o cerca
Resistindo em murmúrios aos que não se elevam

Atroz a voz que já não lhe acompanha
Reclamando quando não lhe conforta a alma
Invocando a tudo que lhe releva o trauma
Vivente maior em tudo, sobrevivente de corpo e mente

Intenso em seu mundo insólito
Remorso revelado em muito do que pensa
Orações sublimares socorrendo sua alma
Prelúdio insano do que lhe resta de sua frágil vida.



(Chico Córdula)

Conselhos além abismo

Insista, não desista de nada, por nada
Suas convicções, estas então mantenha viva
Sonho, não os descarte, incentive
Se apegue a menor das felicidades que seja
E saiba administrar o que for sublime, contagie-se

Encontre, em cada suspiro um alivio permanente
Exorcize as sombras de pessimismo e atos tristes
Libere a aura de suavidade respire livre, ative-se
E enfim não pense muito, não inculque
Resuma-se a viver a vida, não complique

Exalte o que for bom, belo e sincero
Afague o que lhe der carinho sem chilique
Olhe para frente sempre, não pondere
E perceba como tudo isso vale à pena
Pois no final nada restará, apenas momentos felizes
Que com certeza levaras contigo.



(Chico Córdula)

Tardes em solidão

Traçando caminho na areia
Cenário libertário, praia isolada, vazia
Somente pensamentos e vento no silencio
Tramando com o tempo, única companhia

Velando cada instante já passado, revivido
Impedido de rever as mágoas já mofadas
Traçando  estratégia deprimido, sem motivos
Buscando um sentido, numa tarde abafada. 



(Chico Córdula)

Ausente de mim

No emaranhado de meu pensamento
enquanto fios fundem-se desconexos
embaralhados, atrapalhados, disperços
entremeando deslizes e acertos, esmoreço.

Ausento-me da realidade pura, em restos
arrasto as centelhas de razão que me sobram
acompanhando-me na escuridão profunda, infinita
abrigando-me no fio de esperança que se apresenta.

Continuo ligado a mim em delirios
espiritos e sonhos evocam minha alma
sobram-me questionamentos, tolos, evazivos
recuso-me a enfrentar a verdade que se instala.

Recordo-me de momentos distantes, lúdicos
encontros e desencontros atormentam-me, incomodam
apego-me a pequenos e incisivos sorrisos
relutando em entender o sentido do que me assola.

Arrasto-me nesta luta, inglória, tola
rebusco os sentimentos que me deram vida
evoco pensamentos, recônditos, esquecidos
tentando no desespero afastar o medo que em mim se abriga.

Exalto cada fato que me remeta a realidade
elevo o pensamento a um estágio mais sublime
tatuagens de desejos rabisco em minha alma
enquanto me acompanho nesta viagem, sem destino.

(Chico Córdula)


Só mais uma vez...

Deito nesta cama, espinhos me cercam
Na inglória arte de te amar, me entrego
Disseco meu ego imundo e grito
Rebuscando luxúrias de toscos espectros

Resvalo enquanto "SADE" em teu ninho rebento
Portento delirio em te manter inquieta
Renasce, passe de mágica, o lírico
Redescubro em ondas, sensações, sossego.

(Chico Córdula)