domingo, 27 de março de 2011

Baile Negro

O Pierrô em um canto do salão cabisbaixo
Enquanto uma lagrima em sua face desliza
E o baile em câmera lenta passa avivado
Cada cena quadro a quadro repassa em sua vista
A Colombina deixando o salão acompanhada
Do Arlequim que a corteja, sua sombra incontinenti  
E um clima sombrio contrasta com a alegre musica vigente

O Arlequim tentando soturno consolar a Colombina
Que desolada em um canto soluça amarga
E a cada investida o Arlequim se aguça exalta
Em sua ânsia obsessiva de conquistar a Colombina
E na insistência indecência que lhe embute e nutre
Num rompante de abutre um beijo ele lhe rouba
Desencadeando um abraço envolvendo-a pétrea   

O Pierrô em meio à multidão tudo acompanha
E se determina em sua ira de vingança desforra
Surge uma adaga de onde ninguém alcança
E o Pierrô mais que depressa avança destemido
Com o sangue a explodir-lhe as veias artérias
Na intenção de golpear o Arlequim bandido
Avança golpeia em cheio num lance errante
A Colombina sua amada de toda a vida

A Colombina ensangüentada vai ao solo no salão
O Pierrô percebendo em sua mão a adaga indigna
Barbariza-se com o burburinho a sua volta comoção
E não nota o Arlequim em fuga covarde desatina
O Pierrô desaba em choro compulsivo inconformado
E repulsivo se joga no corpo de sua amada morta
O desamparo e o destempero nele são visíveis
E a adaga espetada no próprio peito sofrido
Invoca seu ultimo ato nesta vida sem sentido.

O que é o AMOR?

Muito já se falou
E Já se fustigou
Muitos poetas trataram do assunto
Muitos e todos pelo mundo
Já falaram do AMOR.

Mas, o que é o AMOR?
Apenas um sentimento ambíguo?
Explicação muito simplista será?
Antagônico ou paralelo ao ódio?
Que trás prazer e dor
Mansidão e sofrimento
Tudo no mesmo pacote.
Serve de mote para tanta coisa
Muitas vezes usado de forma banal.

Mas o que é o AMOR?
Apenas um sentimento?
Um estado de espírito?
Ou uma forma do ser humano ver a vida diferente?
Colorida, emotiva, sentimental.
Será uma explicação necessária?
Ou seriam necessárias várias explicações?
Ou seria apenas mais uma forma banal de tratar o AMOR?
Quantas citações?
Quantas implicações?

Mas afinal, o que é o AMOR?

Mergulho nas trevas rumo ao inferno

Nas trevas mergulhada rumo ao inferno
Inglório momento de uma inocente alma
Todos os prazeres foram-lhe retirados, sabotados
Arrancados que foram para seu desatino
Restando somente aflições destemperadas
Com desassossego e desconforto de uma alma sem apelo     

Pobre alma em desalinho sendo sugada, maltratada
Destratada como quem deixou divida impagável 
Desespero e desalento como sentimento intragável
E a saudade do que foi perdido ainda na memória
Neste inglório sofrimento desta alma em penitencia

Nada resta à pobre alma guindada a medonho destino
Tão apodrecida quanto à carne que lhe dava forma
Decadência anunciada e pronunciada em sentença
Para ser cumprida em morte eterna, inapelável     
Transfigurada por torturas e humilhações sem descanso

Nos subterrâneos deste inferno, infecto
Todos os demônios em serviço neste caos continuado
Atormentando, fustigando por todo o tempo
Esta alma perturbada num flagelo infinito,
Sem apelo ou direito a habeas corpus
Ou seria bem dizer, “habeas almas”?

sexta-feira, 25 de março de 2011

Compondo com os “bambas”

De repente estava no meio dos “Bambas”
Em uma roda de samba
com os mestres Cartola, Mano Décio da Viola
Silas de Oliveira e João Nogueira

E como tudo estava perfeito
Com eles compus um samba de parceiros
E na roda de samba, recheada de cabrochas
o tal samba era entoado com vibração e gingado

Isto tudo estava tão bom,
Que nem me importei quando acordei
E percebi que tudo não passou
de um sonho de carnaval.

Mais um corpo que cai

Na boca o gosto do sangue
Na língua a dormência da morte
O corpo desabando ao solo
E a escuridão seu ultimo refugio

Na calçada o cadáver estirado e teso
Uma possa de sangue se forma no entorno
Um lençol é estirado sobre o mesmo
Os abutres de todas as raças se aproximam
E iniciam mais um espetáculo da bizarrice humana.