sábado, 23 de abril de 2011

Poemar

Na beira mar vi o barco passando
E pensando como a vida passou
Como aquele barco no mar

A navegar pelos anos vividos
E a recordar as tempestades
De um mar revolto

Ou a calmaria de uma manhã ensolarada
No alto mar da vida,
Na vida em alto mar

Onde sopra uma brisa incontida
Confundida com a do mar ou a da vida
Traz novo sentido e nova vontade de amar

Ah, o mar quanta alegria a vida nos trás
E fechando os olhos a maresia inebriando o olfato
De uma vida se renovando com o doce balançar do barco
Navegando tanto neste mar,
Quanto nesta vida, sempre clandestino.  

(Francisco Córdula)

Encontro com a demência

Trancafiado no porão de sua mente insana
Tortura infinita e mal querer constante
Semblante de ódio e indiferença carente
Feição doentia tendo a morte no semblante

Mascara ácida encobrindo fatos mal resolvidos
Envolvidos em mistérios próprios do suspense
Tensão e medo como amigos e companheiros
Num clima de enredo sorumbático e tétrico

Cores e odores indigestos em cena
Escuridão como cenário desvalido soturno
O mofo única forma de ar (in) respirável
E o tilintar do vento na janela como som único

Intensa batalha de alucinações e fantasmas
Ectoplasmas de uma mente em mutilação
Anomalias e distorções como formas destacadas
E sustos na madrugada com pesadelos e tensão

Êxtase em delírios sofridos de breves momentos sãos   
Remoções de razões verossímeis em andamento
Tácita ausência de razão como principal função
Culminando com a demência nova forma de vivencia.

(Francisco Córdula)

Sobrevida

Cético não consegue entender o ocorrido
E combalido aflito tenta manter-se em pé
Com o corpo mal responde aos instintos
E a mente, já sem muita fé, fraqueja entorpecida.

Confusão mental, irracional absoluta
Nada de real em seus parcos pensamentos
Revelando desejo em permanecer ativo
Sobrevindo seu senso de sobrevida.

Numa mistura sôfrega de real e irreal
Parafernália psicológica de um cérebro combalido
Indecisão entre voltar à realidade normal
Ou encarar outro lado de total desconhecido.

O que fazer nesta revolução irreal?
Voltar para vida ou se entregar ao abismo?
Difícil decisão em momento crucial
Apenas indagações entre desencarnar ou sobreviver.

Ou seria em desencarnando finalmente sobreviver?

(Francisco Córdula)


Seguindo pelo caminho

Depois que transpus as pedrinhas
Achei que o caminho seria mais suave
Encontrei pela frente as fendas os buracos
Em desatino e descompasso, caminhei

Ainda assim, com dificuldade a cada passo
E mais um obstáculo no caminho encontrei
Deslizando pedras em um penhasco
Que vindo de cima abaixo enfrentei

Havia muito caminho em meu rastro
E passo a passo o caminho continuei
Ainda existe muito a caminho, eu acho
Mas, o fato crasso é que a cada passo
Refaço-me e assim caminharei. 

(Francisco Córdula)