sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sem saída

Tropecei,
Estando a poucos metros do abismo
Olhei em volta só deserto irrealismo
E o sol a pino como ultimo aviso.

Avistei,
Ao longe uma esfinge sublime
Um cheiro de alfazema presente
E o ar rarefeito que me aflige.

Levantei,
Cambaleando sacudindo a poeira do corpo
Caminhar não consigo, sufoco
Só sensação de perda, mundo louco.

Tentei,
Chegar a algum destino, impossível
Percebi não haver mais nada acessível,
Detive-me, estou preso neste pesadelo, morte horrível! 


(Chico Córdula)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

No Reino da lama

O mar ficou poluído no Reino da Lama
Onde a corrupção de crime, vira prêmio
O povo preso na lona do circo é o palhaço
Onde os gatunos, gargalham impunes.

Onde a ordem esta invertida
Subvertidos os de alma pura
Aclamados os de pouca alma
Condenados os que por algo lutam

A labuta é pouco respeitada
A farra com que é do povo, poder absoluto
Absurdos tratados como normalidade
E a maldade insurgente a vencer a todos

Os sonhadores massacrados, humilhados
Os visionários abatidos, tolhidos
Os inocentes lançados à miséria
Os de boa alma sacrificados no cinismo.

Onde o genocídio é coisa banalizada
A droga incentivada e super consumida
Os hipócritas especialistas respeitados
E ao povo a ignorância mãe do analfabetismo.


(Chico Córdula)

Superação

Desabroche em flor deixe o calvário
Embarque para sempre no ultimo vagão
Não olhe para trás, não titubei
Caminhe firme, vida nova, mansidão.

A cada estação vencida, vanglorie-se   
Sorria, chore se entregue a beleza, seja nobre
Renove sua importância no tempo, espaço
Supere cada evento aprendendo a lição inteira.

Fuja para sempre desta prisão sufocante
E cada questão problemática equacione
Seja firme, tenha fé, não desanime
Continuando livre, pelos trilhos dos seus sonhos
Enfim, seja feliz, pois o resto é mero detalhe.


(Chico Córdula)

Na outra margem

Na outra margem do lago
Surge lindamente sua silhueta  
O passado remoeu o tempo
Minha saudade se tornou constante

Sua imagem em minha mente se renova
Ainda que o relógio seja implacável
Ainda que tudo tenha mais de miserável
Pouco me restou da lembrança mórbida

Envolta num véu tal qual uma santa
Levanta em sonho buscando minha direção
No rosto desfigurado, imperceptível.
A Imagem amarga do passado sem razão

Alimenta meu viver com seu espírito
Livre qual anjo em missão divinal
Vejo-te em cada pedaço de meu destino
Abrindo meu caminho para o momento final.


(Chico Córdula)

Loucos delírios

A chuva ácida torrencial cai lá fora
O teto decrépito desmancha, esfacela
Desbota na parede úmida a pintura
O bolor e o mofo tomam forma escura

As palavras soam entrecortadas
As pálpebras queimam, a imagem é turva
O enjôo única forma de expressão viável
Na carne sensação de queimação, tortura.

A alma atormentada já não alcança
A realidade reconfortante entorpecida
Sensatez em estagio e forma rarefeitos
E o defeito enredo tosco de uma vida

Na roleta russa é chegada à hora vindoura
Seara de sensações conflitantes, tumultos.
No ouvido sussurram vozes simultâneas
E cada imagem chocante,
Provocando diferentes loucuras.


(Chico Córdula)

Intragável

Seus olhos arregalados
Manifestados em dor latente
Horror, passível intrigante.

Amargura na boca cerrada
Acidez que no estomago espalha
Enquanto em seu entorno
Tudo paralisado, sem vida.

Não há mais conforto
Somente sofrimento e medo
Numa intensidade inquietante.

Restando redundante dilema
Não há frase, não há tema.
Nada que possa aliviar essa dor intensa.


(Chico Córdula)


 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Feminilidade paixão


Dois corpos enlaçados
Na suavidade feminina da paixão
Tecendo sublime momento, tormento
Soberbo enquanto erótico prazer
Meigo e intenso como deve ser

Cumplicidade diferente, na igualdade
Destilando de suas bocas o amor
Loucas se entregando ao momento divino
Desafiando o destino, desatino sublime
Num momento único, lírico, frescor

Almas gêmeas no mesmo sexo intenso
Universo resumido aos lençóis
Cumplicidade vertente, latente
Inversamente única e verdadeira
Contrariando a "lógica" de uma vida inteira.


(Chcio Córdula)

Nação



Minha nação é diferente
Em que os loucos em bando dominam
Em que títulos têm importância relativa
Valoriza-se muito mais sua existência etérea

Em que o sofrimento é fato corriqueiro
E o patriotismo é apaixonante, verdadeiro
Não mediático, mas eterno, inteiro 
Gritado a plenos pulmões por seus guerreiros

A nação é preta, a nação é branca
Canta e encanta onde se encontra
Contraste de classe se faz imperceptível
E a emoção em seu estado puro, acessível

Uma nação acima de tudo ungida pela fé
Inabalável em São Jorge, santo forte, guerreiro
De berço humilde, passado glorioso, futuro inteiro
Revelando em cada alma seu teor de maloqueiro.


(Chico Córdula)

Olhar perfeito


Com seu olhar perfeito
Trejeito de cinismo
Mirando o infinito
Atingindo o mar

De ascendência titânica
Essência em pureza casta
Transcendendo até a alma
De quem inadvertidamente
Contigo tente cruzar.   


(Chico Córdula)

Supra-sumo


Minhas pernas já não mexem
Minha boca já não mexe
Meu corpo fraquejado morre
Nada mais importante farei
Muito menos arrogante serei
Não terei que respirar, me cansei
O supra-sumo de minha alma vadia
Jaz em meu corpo inerte, falecido.

Meus braços já não mexem
Meu coração sofrido já não bate
Minha opinião chata já não vale
Não resta parâmetro, nem companhia
Não mais poderei conviver na "putaria"
Antes insana a possibilidade da morte
Agora o estrume de minha vida vazia
Nesta carcaça breve, que apodrece. 


(Chico Córdula)




Andanças


Vagando, sem rumo, destino ou lembranças
Sensações apenas momentâneas no caminho
Ligação entre passado e futuro ínfima
Entremeando cada instante deste triste filme

Verdades ou mentiras pouco importantes
Muito menos remorsos desnecessários
Apenas uma solidão inquietante
Entre estórias inexistentes ou inválidas

Sentimentos para que tê-los em consideração
Apenas cada minuto vivido e transpirado
Quanto ao resto somente resto, desimportante
Restando andança contínua como única realidade.


(Chico Córdula)



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Miragem


Desesperado, fustigado em minha fuga
Nas paredes não há portas,
Janelas também não há
Esgotou-se o meu tempo de sanidade

O ar rarefeito já não me satisfaz
Ademais, a minguada força esvaiu-se no caminho
Vertigem foi o que restou em descompasso
Não há mais passos que me levem ao destino
 
Miragem é só o que enxergo
Neste deserto de vida que me rodeia
Passeiam nas margens meus desejos mais secretos
Nesses lampejos de realidade que me norteiam

Incapaz de reação neste marasmo
Entre escombros do muito destruído
Entro num mundo trágico e transloucado
Insanidade, triste inferno desvalido.


(Chico Córdula)

Acabou


Baixou-se a cortina
Destilou-se o veneno
Em cada olhar perplexo
A pergunta no ar sem resposta
O que importa agora?

A sombra já domina o relevo
O acervo de obras esta queimado
Nada mais resta a ser salvo
Somente a dor, sensação dilacerante
Somente o medo reinante impacta

No meio dos escombros intactos
O odor já não é dos mais agradáveis
Os seres em volta já não estão mais vivos
A sensação de derrota a tudo impregna
A idolatria e a fé já não mais existem

Aos que insistem
Tudo esta contaminado
Acabou-se a alegria,
Extinguiu-se o rosário
Já não há mais velório
Já não há mais sentido
Tudo esta terminado,
Tudo agora é maldito.


(Chico Córdula)

Deprimindo depressão


Pela fresta da porta entreaberta
Um minúsculo raio de sol que adentra
Na garganta o nó só aumenta
Um copo de vinho repousa na mesa
A sensação é de impotência, de perda
A sonolência do enfado domina
Já não há mais qualquer cocaína
Que levante a moral derradeira

O tempo parece parado, perdido
O espírito pesado, em relevo
O choro, não externado, verdadeiro
O olhar a buscar uma crença devida
Na verdade, já não há mais paciência
Sapiência, agora é secundaria
Inexiste uma ação libertaria
Somente o ócio, em momento de medo

Rastejar não parece declínio
O destino um local que me prenda
A carcaça que ainda capenga
Insistindo em manter sobrevida
Nem mesmo o incenso de almíscar anima
Nem ao menos o mantra repetido exaustivo
Ainda que se tenha algum motivo querido
Já não há mais um desejo que seja.


(Chico Córdula)

Fondue de paixão


O vento sul ainda sopra forte
As plantas ainda úmidas pelo orvalho
A fumaça insistindo em sair pela boca
A voz rouca sugere o pigarro

O dia ensolarado, pela janela, engana
A preguiça ainda comanda o corpo
A sensação é de desconforto
Ao mirar o cobertor sobre a cama

Seu corpo esparramado do outro lado
No edredom que ainda o embrulha
Convite quase irresistível ao pecado
Imaginação mais do que inspiradora

Meu corpo para o seu é imantado
Um encontro de fogo e enrosco abraço
Palavras pra que neste frio medonho
Restando o chamego e uma fondue de paixão.


(Chico Córdula)

Jogo de dados


Joguei os dados da sorte
Num golpe prendi a respiração
Minha testa franziu em suspense
Dúvidas espremendo destino 
Apenas o momentâneo silêncio
E o ar como em suspenso
Esperando um desfecho sem fim
Não antes em rompante desleixo
Um copo tal qual a um espelho
Espatifar no chão ao cair

Já não havia jogo de cena
Aquele era o problema
Combinação bisonha nos dados
Depois de tudo apostado
Pouco havia a ser feito
E mal comparando em defeito
Nosso amor estava quebrado
Como não aceitaria remendos
E não havendo mais cacife a ser arriscado
O jogo estava encerrado, finito
Restando a cada um buscar seu destino
Nada mais a ser jogado.


(Chico Córdula)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eternamente


Abri os olhos!
Gosto de sangue em minha boca
Minhas entranhas numa azia louca
A escuridão que me faz tão bem
Em meu corpo prazer, satisfação do além

Ao meu lado o cadáver dela toda bela, toda santa

Repousa como um anjo, agora negro
Já não há pranto em seus olhos
Apenas um semblante comedido, comportado
Seu corpo padece, sua alma me pertence

Por todo lado o mofo acumulado, que delicia

Nenhuma pista de vida próxima
Apenas o silencio como musica
Apenas a morte como glória
A eternidade é gótica!


(Chico Córdula)

Prazeres de artista


Sendo artista no que faz de mais belo
Por mais simples que seja a atividade exercida
Se a for com alma e paixão convivida
Será sempre a mais bela atividade artística

Sendo artista nas artes propriamente ditas
Ou em atividades comuns do dia a dia
A importância é que se tenha nela a magia
De seu exercício prazeroso e de viciante emblema

Nas artes plásticas, no teatro, no cinema
Na literatura, ou outras formas de poema
Sendo artista no que se propõe, se impõe
Sempre com garra como lema e desejo como tema
Emoção, transpiração, inspiração complementa

Mas que sempre tenha a chama do prazer no fazer
Acima de tudo e por tudo sendo capaz eficaz
Descobrindo-se, inventando-se, diluindo-se
Indefinido ou incerto, mas sempre sintonizado
No espetáculo de se fazer a vida mais leve, suportável.

(Chico Córdula)