quinta-feira, 24 de março de 2011

Madrigal, vinho e paixão

As velas ainda não se apagaram
Duas taças de vinho caídas ao lado
Espalhando líquidos avermelhados
Encharcando o tapete da sala.

Dois corpos nele esparramados
Igualmente encharcados pelo vinho
Inertes enquanto o relógio na parede badala
Anunciando o avançar da madrugada.

Um madrigal no ambiente ainda entoado
Num ritmo para lá de funesto
Que decerto testemunhou tudo em volta
Acontecimento intimista onde restou o sossego. 

Que depois de muitos goles, muitas taças viradas
Juras de amor, entremeadas de promessas
Beijos e carícias apaixonadas 
Restando somente os dois seres em todo o universo.

E a cada minuto deste momento vivido
Intensamente, insanamente descortinado
A cada peça de roupa ao chão jogado
Novas promessas ambas as bocas murmuravam.

E num erudito de um erotismo exacerbado
Já não havia mais o que dizer ou prometer
Apenas a luxuria como forma de linguagem
E o bailado dos corpos sem palavras, só entrega.

E no “gran finale” a explosão em paixão momentânea
De tão eterna enquanto dure porque não?
E finalmente, após tudo isto o que resta?
Aqueles corpos abandonados, inertes, ao chão.

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