quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reboco

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Repique da miséria, séria
Cercada de xiquexique
No caos da pobreza eterna.

Escravos da própria sorte
Norte (sem norte) da tirania
Embuste de velhos escroques
Rebanho sem destino certo
Massacrados nesta epidemia.

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Resquícios de muita mazela
Vida ceifada com muita reza
E somente a morte como companhia.

Brincantes, reinantes e mercenários
Corja de lacaios degradantes
Dignidade jogada pra debaixo da terra
Espinhos que crescem no chão torturante.

Enxergo pelas frestas do pau a pique
Toda contradição da alma humana
Se espinhosa ignorância embala a miséria
Eterna pureza e nobreza
Locupletam este ser fascinante.

Digno de toda homenagem
Esquecido personagem de momentos bons
Somente lembrado nas grandes estiagens
Sertanejo homem forte na sua sabedoria
E que muito nos ensinaria se a “palavra”
Fosse a ele repassada.

Um comentário:

  1. Parabéns,Francisco.

    Tua poesia retrata muito bem o povo guerreiro e castigado do nosso sertão.
    Eu te aplaudo,poeta.

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