sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entre cangaceiros e coronéis

Os cangaceiros nunca foram heróis
Sempre bandidos perseguidos e temidos
O contraponto ou a continuação
De um nordeste esfacelado
Talvez por isto e com os desmandos
O cangaço foi romantizado

Se Lampião foi um carniceiro ou justiceiro
A lenda nos leva a meias verdades
Para muitos, bandido
Para outros, herói
Num mundo onde os coronéis eram voz, realidade

Infeliz do povo que precisa de heróis
Mais infeliz o povo que tem como herói um bandido
Ainda que individuo tinhoso e danado
Enquanto foragido foi um cabra temido e amado
Em pequenas cidades do sertão nordestino
Onde o povo além de usado
Sempre foi órfão do Estado

Por contraponto deste cordel,
Existem os feudos dos coronéis
Figuras emblemáticas, maquiavélicas e caricatas
Que tanto atraso e tantos embaraços
Trouxeram pro nordeste
Através de desmandos, assassinatos,
De tristes historias e saga

Além das cabeças cortadas
Lampião, Maria Bonita, Corisco
E tantos outros infelizes
Não tiveram o fim enquanto exterminados
Talvez do extermínio, o recomeço
De uma historia recontada
Ou seria requentada?

Os coronéis por sua vez e voz
Sempre os senhores feudais,
Mandachuvas ancestrais
Desta grande tragédia nordestina  
Criaram e curtiram seus currais eleitorais
Que somente produziram miséria e chacinas

De tudo isso se tira uma lição!
Se o cangaço foi extinto com a morte dos “Virgulinos”
Infelizmente o coronelismo, não.
Continua sínico e sinuoso,
modernizado e garboso
A massacrar a todo um povo,
Sem pecado e sem perdão. 

(Franisco Córdula)

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